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Romaria da Penha ganha reforço do MPF para proteger patrimônio cultural e territórios tradicionais

Com mais de 260 anos de tradição, a Romaria da Penha acontece no último domingo de novembro e foi oficialmente declarada patrimônio cultural da Paraíba

Por Carlos Rocha Publicado em
Romaria da Penha, maior evento religioso da Paraíba
Romaria da Penha ganha reforço do MPF para proteger patrimônio cultural e territórios tradicionais (Foto: Reprodução)

O Ministério Público Federal (MPF) realizou, na quarta-feira (4), uma importante reunião com representantes da comunidade tradicional da Praia da Penha, em João Pessoa (PB), e diversos órgãos governamentais. O objetivo principal foi mapear e identificar as áreas utilizadas pela comunidade em seus múltiplos usos tradicionais, com destaque especial para os locais que recebem eventos religiosos, como a Romaria da Penha, considerada a maior manifestação religiosa da Paraíba e uma das mais antigas do país.

Estiveram presentes no encontro representantes da Secretaria de Infraestrutura e dos Recursos Hídricos do Estado, da Companhia Estadual de Habitação Popular (Cehap), da Superintendência de istração do Meio Ambiente (Sudema), além da Arquidiocese da Paraíba e do Santuário da Penha.

Sob a coordenação do procurador da República José Godoy Bezerra de Souza, a reunião teve como foco a delimitação dos espaços, separando as áreas dedicadas às festividades religiosas — como o campo da missa campal e a Escadaria da Penha — dos territórios mais amplos utilizados para moradia, pesca artesanal e demais práticas tradicionais da comunidade pesqueira.

Como parte dos próximos os, o MPF encaminhará solicitações formais para levantamento detalhado das informações fundiárias e urbanísticas junto à Cehap, Prefeitura de João Pessoa, Cartório de Registro de Imóveis e Secretaria do Patrimônio da União (SPU). A ação busca reunir dados que esclareçam a situação legal dos imóveis e das áreas ocupadas, sobretudo aquelas relacionadas à realização dos eventos religiosos, como a missa e a tradicional procissão de Nossa Senhora da Penha.

Esta iniciativa integra um conjunto de medidas adotadas pelo MPF para garantir a proteção do território da comunidade tradicional. No mês anterior, o órgão já havia emitido recomendação para que a Prefeitura suspendesse a concessão de novas licenças urbanísticas na região, em resposta a denúncias sobre intervenções que ameaçavam áreas de manguezais e espaços simbólicos da romaria, como o campo e o Cruzeiro.

Para o procurador José Godoy, o reconhecimento formal dos usos tradicionais e o mapeamento das áreas são os essenciais para assegurar a continuidade das práticas culturais e religiosas, além da permanência dos moradores. “Essa romaria faz parte da história e da identidade não só da Paraíba, mas de toda a região. Durante o ano todo, a Penha recebe milhares de romeiros, peregrinos e fiéis que vêm demonstrar sua fé e cumprir promessas junto ao Santuário”, ressaltou.

Com mais de 260 anos de tradição, a Romaria da Penha acontece no último domingo de novembro e foi oficialmente declarada patrimônio cultural da Paraíba pela Lei Estadual nº 285/2019. O evento atrai centenas de milhares de participantes ao longo de um percurso de 14 quilômetros, além dos muitos visitantes que buscam o Santuário ao longo do ano.



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