Valor das transações Pix despenca 18,8% com rumores infundados sobre taxação
Propagação de fake news sobre o monitoramento do sistema provoca queda considerável nas transações realizadas

Desde a divulgação, pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de uma nova medida que visa o monitoramento das movimentações de Pix acima de R$ 5 mil por mês, uma onda de fake news se espalhou rapidamente pelas redes sociais e aplicativos de mensagens.
A informação falsa que circula em diversas plataformas é a de que o governo estaria criando uma taxa sobre as transações, o que gerou preocupação entre os brasileiros e resultou em uma diminuição significativa do volume de transações via Pix nos primeiros dias de 2025.
De 4 a 14 de janeiro deste ano, a comparação com o mesmo período do mês anterior revela uma queda de quase R$ 170 milhões nas transações. Em números: de 4 a 14 de dezembro de 2024, o Brasil registrou 2,17 bilhões de operações por meio do Pix, somando R$ 895,99 milhões. Já no mesmo intervalo de 2025, a cifra caiu para R$ 726,78 milhões, com 1,85 bilhão de transações, marcando uma redução de 18,8% no valor total das movimentações. Esses dados são provenientes do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) do Banco Central do Brasil.
A origem dessa desinformação está relacionada a uma interpretação equivocada das mudanças estabelecidas pela Instrução Normativa RFB nº 2.219/24. A medida altera as obrigações das instituições financeiras, bancos digitais e aplicativos de pagamento, exigindo que essas empresas informem dados à Receita Federal sobre as movimentações. Segundo a norma, o monitoramento das transações ocorrerá apenas para valores acima de R$ 5 mil para pessoas físicas e R$ 15 mil para pessoas jurídicas. No entanto, a medida não implica em taxação alguma, o que foi mal interpretado e difundido por notícias falsas.
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O episódio ganhou proporções com a propagação de um vídeo deepfake em que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, supostamente falava sobre a criação de uma taxa sobre as transações financeiras. Após a reação do governo, a Advocacia-Geral da União (AGU) entrou em ação para exigir a retirada do conteúdo das redes sociais da Meta, responsáveis pelas plataformas Facebook e Instagram. No entanto, o conteúdo se espalhou rapidamente em aplicativos de mensagens e no TikTok, dificultando o controle.
Diante dos danos causados pela desinformação, o novo ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Sidônio Palmeira, anunciará uma série de ações para combater as fake news. Nessa quarta-feira (15), Palmeira se reunirá com o presidente Lula para discutir o lançamento de uma campanha publicitária para esclarecer a população sobre a medida. O governo conta com o apoio dos ministros, que deverão compartilhar materiais desmentindo as fake news em suas redes sociais.